MADALENAS NA LUTA DE SANTA CATARINA
segunda-feira, 14 de março de 2016
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
SOBRE O PROJETO MADALENAS NA LUTA - SC
Ízide
Fregnani
Educadora
Popular desde 1988
Graduada em
Psicologia/UFSC/1988
Formadora
Sindical no Sintrafesc [Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Publico Federal
no Estado de SC] desde 2002.
Curinga Regional
vinculada à Rede de Teatro do Oprimido desde 2008.
O que é o Projeto Madalenas
na Luta?
É um grupo de mulheres, originalmente 18 integrantes,
oriundas do movimento sindical na sua maioria, lideranças, que fazem um dialogo
artístico sobre o tema relações de gênero, em especial a situação da mulher na
sociedade, fundamentadas na estética do oprimido.
Quer dizer, são mulheres que aceitaram o convite
inicialmente feito pelo Sintrafesc em parceria com o Centro de Teatro do
Oprimido-RJ, para uma oficina intensiva realizada em 13 a 16 de abril de 2010
(Ponta das Canas, Florianópolis-SC) onde debateram e vivenciaram sua realidade
de mulheres, através da arte, e elegeram alguns temas, também sob forma artística
para dialogar com o publico, a platéia
dos seus espetáculos.
Esse grupo de mulheres, na época do curso, produziu
coletivamente uma performance artística e uma peça de teatro-fórum intitulada: "Sonhos que fossem meus... seriam
seus?". Todos os produtos utilizados também foram produzidos artisticamente
pelo grupo: a confecção de 6 tambores, as musicas, as cirandas, as poesias, as
telas pintadas, etc.
O objetivo atual do Projeto Madalenas é dar
continuidade aos encontros estéticos com mulheres fundamentadas na metodologia
do teatro do oprimido, aprofundando a especificidade da situação das mulheres
num diálogo artístico através das apresentações em diversos espaços públicos em
SC.
O Projeto Madalenas foi composto, em 2010, das
seguintes organizações do movimento social de SC: Sintrafesc, Sintrasem,
Sinergia, Sec-São José e o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Urbanas. É coordenado
pela curinga regional, Ízide Fregnani.
Qual a origem desse projeto?
A origem foi o Laboratório Madalenas (2010),
promovido pelo Centro de Teatro do Oprimido-RJ, através da Curinga Bárbara
Santos, e em parceria com a artista italiana radicada no Brasil, Alessandra
Vanucci, ganhadora do premio da Funarte [sobre interações estéticas nos pontos
de culturas em 2009].
O Laboratório Madalenas, foi patrocinado
pelo MinC e ocorreu em varias regiões do Brasil e também nos países de língua
portuguesa na África, como Guiné-Bissau e Moçambique. O publico foram mulheres
atuantes no teatro do oprimido que receberam uma formação para multiplicar o
projeto nas suas regiões e atingir as comunidades na base. No caso de SC, Ízide
Fregnani é curinga regional ligada à Rede de Teatro do Oprimido e participou
dessa formação trazendo para o Estado. E como também é formadora sindical no
Sintrafesc, apresentou esse projeto que foi abraçado pela Diretora responsável
pelo “Coletivo de Cultura, Raça e Etnias” do Sindicato, onde organizaram e
promoveram o Projeto em parceria com outros sindicatos e movimentos sociais.
Qual o objetivo desse
Projeto?
O objetivo principal é o diálogo sobre a situação
da mulher na sociedade, realizando uma analise coletiva dessa realidade e
encontrando formas de superação para as opressões vivenciadas pelas mulheres,
contribuindo na promoção de igualdade nas relações de gênero.
Através da estética do oprimido, as mulheres são
protagonistas e produtoras da arte.
Qual é a especificidade da
estética do oprimido?
O Teatro do Oprimido é uma forma de teatro
sistematizado pelo Augusto Boal, brasileiro, falecido em 2009, e que teve, ou
melhor ainda tem, uma expressão mundial no teatro.
Ele revolucionou o teatro por romper com os
espaços sagrados do teatro convencional: palco e platéia. Quer dizer, no teatro
convencional, temos uma peça teatral que é apresentada para uma platéia
passiva, que apenas “recebe” a arte, sem sair do seu espaço (de platéia).
Para Boal, todas as pessoas são atores na vida,
pois são capazes de “se verem em situação”[são protagonistas da sua vida = atuam
sobre suas vidas], então ele chamava a platéia de espec-atores, destacando a etimologia da palavra espectador e a partícula
“espec de observar”. Então a platéia
está numa “espera”, numa observação que é uma forma de análise e conhecimento
da realidade apresentada e que está sendo provocada para a entrada em cena e
dar um outro rumo para a peça apresentada.
Então para o Boal, o teatro é político, é
transformador, é participativo, é protagônico.
Ele democratiza o teatro por oportunizar o
aprendizado da produção teatral e sua utilização como ferramenta político-pedagógica.
Quer dizer, quando ele fala de estética, ele está falando do ser humano
integral, que não se relaciona com o mundo apenas pela razão, mas com todos os
sentidos. Por isso o Projeto Madalenas é fundamentada na estética do oprimido,
por se utilizar de varias linguagens artísticas: poesias, musicas, danças, as
artes plásticas....tudo que se transformava em objeto cênico era material
produzido pelo grupo...
Boal fala da importância ideológica da arte, que
não é neutra e está a serviço de uma determinada forma de sociedade. E não é
difícil percebermos isso, basta vermos os valores e princípios que subjazem às
novelas e músicas de grande alcance popular: são propagações de valores como o
consumismo, o imediatismo, o individualismo, da beleza padronizada... e no caso
específico da mulher, é um corpo-mercadoria, ou seja, apenas um objeto a ser
vendido e usado...
Então a arte “mecaniza” nossos sentidos e
entendimento do mundo, restringindo-nos, limitando-nos. E o teatro do oprimido,
des-mecaniza e educa para ampliarmos os limites, principalmente para que
possamos exercer nosso papel de protagonistas da vida, entendendo [= conhecendo
o mundo], coletivamente, e atuando neste mundo.
A arte é um poderoso instrumento, tanto para a
manutenção da ordem dominante quanto para as possibilidades de mudanças. A
estética do oprimido alia a arte à ação política visando à transformação
social, onde as pessoas são os sujeitos produtores da cultura e não apenas
reprodutores e consumidores da arte.
Porque oprimidos?
Por se tratar de relações de poder e de um
posicionamento político para o lado dos oprimidos na sociedade.
Quer dizer, o objetivo do teatro do oprimido é
promover diálogos artísticos a partir de histórias reais, dos sujeitos
envolvidos, dos seus problemas e conflitos que são estruturados, constitutivos,
das relações de poder na sociedade. Então são sempre histórias entre opressores
e oprimidos.
Como a discriminação, o preconceito, a violência,
o trabalho, etc.
Através dos espetáculos teatrais são realizadas
formas de aprendizados sobre os mecanismos pelos quais a opressão se reproduz,
principalmente das descobertas e das estratégias para superá-las.
O interessante é que através do teatro do oprimido
FOCALIZAMOS um problema concreto na forma como ele acontece. Ao invés de
enxergarmos o mundo como algo monolítico, onde apenas vemos que somos CONTRA um “SISTEMA”, UMA “DIREITA”, O
“MACHISMO”..., ou seja, tudo muito amplo e que se perde numa ação efetiva para
uma possível mudança...
E com o teatro do oprimido nós vamos para um dos
“elos” dessa cadeia de opressão, como por exemplo, o “machismo”, e como de fato
acontece numa relação entre sujeitos tais, com essas histórias, com esses
desejos, com essas estratégias, com esses fracassos....
A historia encenada é a mais objetiva possível,
para oferecer elementos de entendimento da situação, de como uma cadeia de
opressão maior, macro, se materializa numa especificidade tal... e como
podemos, coletivamente, romper esse elo.
A idéia que subjaz é que, se a gente romper os elos, a gente está
transformando a realidade, num efeito multiplicador.
E temos o cuidado de não cairmos num teatro-mensagem, onde o espetáculo já
traz uma resposta pronta sobre qual caminho seguir. Nos teatros-fóruns todo o
esforço da produção é no sentido de trazermos o espetáculo na forma de uma
pergunta aberta, para realmente acontecer o diálogo com a platéia, e JUNTOS descobrirmos tantos caminhos
quantos forem possíveis, para superarmos esse modelo de sociedade.
Quais são as opressões
tratadas nas Madalenas?
São as que estão presentes nas vidas das mulheres
e depende do grupo constituído. Às vezes as opressões são mais de ordem externa,
como a violência domestica a anulação dos espaços da mulher para a ocupação de
papeis de dependência aos homens [como diferença de salários para posições
iguais], a apropriação do corpo das mulheres para o consumo, se transformando
em mercadorias.... e outras vezes as opressões são de ordem “subjetivas”, ou
seja, são as próprias mulheres que acabam sucumbindo ao papel que lhes são
impostos e que se esperam dela: que sejam boas esposas, mães, divas [= ou
“loiras”, consumidoras e reforçadoras de um tipo de padrão de beleza], que
sejam capazes de se desdobrar na vida, mas que ainda lhes sobra todo o cuidado
da casa, dos filhos, dos idosos, naturalizando a dupla ou tripla jornada, que é
o caso daquelas que acumulam ainda por cima, a militância política.
Ao longo dos séculos foi se formando um
entendimento sobre como deve ser o papel da mulher e o seu lugar na sociedade.
Essa naturalização é reproduzida também, pelas mulheres, que acabam se
resignando e reproduzindo esse entendimento nas relações sociais.
Porque o nome “Madalenas”?
É em referencia a Madalena Bíblica, figura polêmica,
as vezes santa, as vezes prostituta. Que ora é a preferida apostola de Jesus,
outras é sua esposa.... ora é a pecadora arrependida... Enfim, é polêmica como também é, a figura da mulher na sociedade, e reflete a luta das
mulheres, as conquistas e a continuidade dessa busca por igualdade nas relações
de gênero.
Nós não entramos no debate especifico da Madalena
bíblica, mas discutimos as grandes referencias históricas sobre o papel da mulher,
principalmente sobre os mitos que ainda estão presentes na construção da
subjetividade da mulher, como a Eva, a provedora e a “ajudadora” (termo literal
utilizado na bíblia) do homem.
Qual a continuidade do
Projeto Madalenas?
Nós apenas começamos. Pretendemos continuar a
aprofundar o trabalho artístico das apresentações e ter uma agenda de apresentações.
Pretendemos atingir o público do movimento social, sindical, mas também tantos
espaços quanto forem possíveis.
Pretendemos também ampliar o grupo e ter outras
parcerias no movimento social e sindical.
Nós temos um encontro mensal para ensaios e
semanalmente trabalhamos com o método do teatro do oprimido. O local é no
espaço das sedes dos sindicatos, como o Sintrafesc, SEEB, Sintespe.
O que o Projeto tem a ver com
o sindicalismo?
Consideramos o P. Madalenas como uma “ação
sindical” e não apenas uma ação de “entretenimento da base” promovido por um
sindicato. Mas isso tem a ver com o tipo de sindicato que defendemos, que não é
aquele que atua somente sobre as conseqüências imediatas salariais e econômicas.
A forma de sindicato que realizamos é o chamado “combativo”, que se alia às
grandes lutas e conquistas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras. O
objetivo maior desse tipo de sindicato é o fortalecimento da organização
sindical, coletiva. É um sindicato que quer seguir na luta, mas entendendo que
a luta é coletiva, junto com a base. Para isso os espaços de luta se ampliam,
já não são nos gabinetes e espaços institucionais somente, mas PRINCIPALMENTE
nos locais de trabalho. As estratégias de formação sindical são importantes,
pois necessitam de muito conhecimento para se contrapor criticamente a educação
massiva e aos valores como o consumismo, imediatismo e individualismo. E para
isso, precisamos de atividades culturais e artísticas. Nesse sentido, as
questões sociais como a discriminação de gênero, racial e geração são tão
importantes quanto à luta por aumento de salário.
---
Entrevista
feito por estudantes Udesc em 26/05/11
Qual o progresso aparente que
o projeto tem desenvolvido nas participantes?
Foi muito visível as mudanças mas lenta, e que se
revelaram aos poucos, como se fosse “uma ficha que fora caindo aos poucos”.
Cada atividade do Curso Intensivo feito em abril de 2010 (que foram 4 dias
intensivos onde todas estavam hospedadas no mesmo local, o Hotel Canto da Ilha,
na Ponta das Canas) eram exemplos extraídos dos fatos vivenciados pelas
próprias mulheres. Por exemplo, na suas atitudes as vezes “incompreensivel” em
querer “servir” às pessoas... em querer agradar, sempre. Agora elas questionavam
o “porque” disso. E também “cobravam de si mesmas” uma atitude mais assertiva
tanto em casa, quanto no sindicato.
A frase “sim, nós podemos” foi um refrão da
“descoberta” que pode resumir o grupo. Em alguns momentos de reunião sindical,
junto com os homens que ainda são maioria, às vezes elas se pegam ousadas em
algumas propostas, e quando questionadas, elas proferem a frase em uma
“cumplicidade”: “sim, nós podemos”.
O mais importante a relatar é que nas eleições que
ocorreram no Sintrafesc (2010), foi determinante a liderança de 5 mulheres,
inclusive a PRESIDENTA, que sentiram-se empoderadas a enfrentarem todo o
processo eleitoral, graças à relação com as Madalenas.
Ao longo do projeto, houve algum acontecimento marcante? Qual?
Os acontecimentos marcantes foram as vezes, os
mais banais possíveis, a maioria se referiu ao questionamento de nossas
atitudes cotidianas, conforme disse acima. O fato de se “sentirem muitas
mulheres numa só”, também seleciono como marcante, pois foi como um “acerto” de
contas com toda a herança de nossa ancestralidade tida como “responsáveis” e
“culpadas” pela nossa situação. O “acerto” foi no sentido de resgatar a nossa
força e nossa feminilidade e sairmos da condição de vitimas.
Enfim, posso resumir que ainda continua a acontecer momentos marcantes que ainda estamos descobrindo.
Ízide
Fregani
izide@sintrafesc.org.br
domingo, 4 de outubro de 2015
ARTIGO REFERENTE A "MADALENAS - TEATRO DAS OPRIMIDAS" EM 2010 NA CARTA MAIOR
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Madalena-o-teatro-das-oprimidas%0D%0A/12/15260
Madalena, o teatro das oprimidas
Ney Motta
Sempre buscando inovação nos processos de trabalho e
aprofundando as pesquisas sócio-culturais das opressões, o Centro de
Teatro do Oprimido realiza no Brasil (Ceará e Rio de Janeiro), além de
Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona, de janeiro a maio
de 2010, o Laboratório Madalena. Trata-se de uma experiência cênica
voltada exclusivamente para mulheres empenhadas em investigar as
especificidades das opressões enfrentadas pelas mulheres e em atuar para
a criação de medidas efetivas que contribuam para a superação dessas
opressões e para a igualdade dos gêneros.
Segundo a socióloga Bárbara Santos, a experiência busca percursos de expressões estéticas e narrativas a partir do corpo feminino, esse corpo que ao longo dos séculos permaneceu escondido, protegido e oprimido pelo corpo masculino e hoje parece protagonizar, como objeto e sujeito, a ribalta de nossa sociedade midiática.
O corpo da mulher despido, exibido, sensual, trivial, reinventado, prostituído, espremido e despedaçado nos outdoors, nas páginas das revistas, nas passarelas da moda e do samba, é o melhor veículo para venda de qualquer produto. É no corpo feminino que se trava hoje, mais do que no masculino, o embate entre os hábitos ancestrais e a defesa dos direitos humanos fundamentais. Essa condição comporta ilusões, feridas, contradições e uma busca urgente de significados.
O ponto de partida para o Laboratório Madalena ocorreu em dezembro de 2009 com duas oficinas no Rio de Janeiro, sendo uma delas composta por um grupo de trabalhadoras domésticas nordestinas. A partir de janeiro de 2010, pelo menos quatro laboratórios acontecem no Ceará, Rio de Janeiro, além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona. As produções artísticas resultantes desses laboratórios (peças, performances, esculturas, pinturas, instalações, poesias, músicas etc) circularão localmente, estimulando a discussão pública a respeito das opressões e violência contra o corpo da mulher, mesmo em tempos de revolução de hábitos e vivências e da emancipação da mulher em diversos contextos sociais.
Vencedor do Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura, com patrocínio do Ministério da Cultura/Funarte e realização do Centro de Teatro do Oprimido em parceria com Alessandra Vannucci, diretora teatral italiana, premiada no Brasil com o Prêmio Shell 2006 por ‘A descoberta das Américas’ e na Itália com o Prêmio Arlecchino d’Oro 2007 por ‘Arlecchino all’inferno’, o Laboratório Madalena integra a residência artística da diretora no Projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto.
As experiências cênicas do ‘Laboratório Madalena’ estão sendo desenvolvidas por Alessandra Vannucci e Bárbara Santos, socióloga e curinga (1) do Centro de Teatro do Oprimido, que possui larga experiência na formação de grupos populares no Brasil e na África, além de coordenar de programas de formação. A participação das mulheres segue por meio de uma convocatória pública distribuída e replicada, utilizando-se especialmente a internet.
Para apresentar os primeiros resultados da pesquisa, no dia 28 de maio, no Largo da Lapa, Rio de Janeiro, acontecerá o evento Madalena ocupa a Lapa, com apresentação de peças, performances, poesias (Madalena Encena), esculturas, pinturas, instalações (Madalena Expõe), show musical comandado por mulheres (Madalena Canta) e lona de discussão sobre a situação da mulher na sociedade atual (Madalena Debate).
A experiência está sendo registrada para o documentário Madalena e será publicada na Metaxis, a Revista do Centro de Teatro do Oprimido.
(*) Ney Motta é assessor de comunicação do Centro de Teatro do Oprimido e editor de conteúdo do www.cto.org.br
(1) Artista com função pedagógica, praticante, estudioso(a) e pesquisador(a) do Teatro do Oprimido, um(a) especialista em constante processo de formação.
Segundo a socióloga Bárbara Santos, a experiência busca percursos de expressões estéticas e narrativas a partir do corpo feminino, esse corpo que ao longo dos séculos permaneceu escondido, protegido e oprimido pelo corpo masculino e hoje parece protagonizar, como objeto e sujeito, a ribalta de nossa sociedade midiática.
O corpo da mulher despido, exibido, sensual, trivial, reinventado, prostituído, espremido e despedaçado nos outdoors, nas páginas das revistas, nas passarelas da moda e do samba, é o melhor veículo para venda de qualquer produto. É no corpo feminino que se trava hoje, mais do que no masculino, o embate entre os hábitos ancestrais e a defesa dos direitos humanos fundamentais. Essa condição comporta ilusões, feridas, contradições e uma busca urgente de significados.
O ponto de partida para o Laboratório Madalena ocorreu em dezembro de 2009 com duas oficinas no Rio de Janeiro, sendo uma delas composta por um grupo de trabalhadoras domésticas nordestinas. A partir de janeiro de 2010, pelo menos quatro laboratórios acontecem no Ceará, Rio de Janeiro, além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona. As produções artísticas resultantes desses laboratórios (peças, performances, esculturas, pinturas, instalações, poesias, músicas etc) circularão localmente, estimulando a discussão pública a respeito das opressões e violência contra o corpo da mulher, mesmo em tempos de revolução de hábitos e vivências e da emancipação da mulher em diversos contextos sociais.
Vencedor do Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura, com patrocínio do Ministério da Cultura/Funarte e realização do Centro de Teatro do Oprimido em parceria com Alessandra Vannucci, diretora teatral italiana, premiada no Brasil com o Prêmio Shell 2006 por ‘A descoberta das Américas’ e na Itália com o Prêmio Arlecchino d’Oro 2007 por ‘Arlecchino all’inferno’, o Laboratório Madalena integra a residência artística da diretora no Projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto.
As experiências cênicas do ‘Laboratório Madalena’ estão sendo desenvolvidas por Alessandra Vannucci e Bárbara Santos, socióloga e curinga (1) do Centro de Teatro do Oprimido, que possui larga experiência na formação de grupos populares no Brasil e na África, além de coordenar de programas de formação. A participação das mulheres segue por meio de uma convocatória pública distribuída e replicada, utilizando-se especialmente a internet.
Para apresentar os primeiros resultados da pesquisa, no dia 28 de maio, no Largo da Lapa, Rio de Janeiro, acontecerá o evento Madalena ocupa a Lapa, com apresentação de peças, performances, poesias (Madalena Encena), esculturas, pinturas, instalações (Madalena Expõe), show musical comandado por mulheres (Madalena Canta) e lona de discussão sobre a situação da mulher na sociedade atual (Madalena Debate).
A experiência está sendo registrada para o documentário Madalena e será publicada na Metaxis, a Revista do Centro de Teatro do Oprimido.
(*) Ney Motta é assessor de comunicação do Centro de Teatro do Oprimido e editor de conteúdo do www.cto.org.br
(1) Artista com função pedagógica, praticante, estudioso(a) e pesquisador(a) do Teatro do Oprimido, um(a) especialista em constante processo de formação.
Créditos da foto: Alessandra Vanucchi
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Madalena-o-teatro-das-oprimidas%0D%0A/12/15260
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Projeto Madalenas na Luta de Santa Catarina - Brasil
É um grupo de mulheres feministas, na sua maioria oriundas do movimento
sindical, social e também lideranças comunitárias, que fazem um diálogo
artístico sobre a especial situação da mulher na sociedade,
fundamentadas na estética do oprimido. Atualmente a maioria das mulheres
são ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público em SC
(Sintrafesc).
Teve início em 2010, a partir da multiplicação do Laboratório Madalenas (parceria do Centro de Teatro do Oprimido-RJ) com Bárbara Santos e Alessandra Vanucci.
O grupo produziu coletivamente varias performances artísticas (esquetes, poesias, músicas e cirandas) e duas peças de teatro-fóruns ("Sonhos que fossem meus... seriam seus?"/2010 e “Agora é a hora?”/2012).
Foram diversas apresentações ocorridas: na Universidade Estadual de SC (Ceart-Udesc) em 2010 e 2012; em diversas reuniões sindicais (de 2010 a 2014), na Abertura do Encontro Internacional de Teatro do Oprimido, Lapa, RJ/2010 e Festival Internacional das Madalenas no Teatro das Oprimidas/ Porto Madryn, Argentina em 2015.
É um grupo permanente e aberto a participação de mulheres que estejam interessadas na investigação da opressão da mulher na sociedade por meio da estética do oprimido.
Teve início em 2010, a partir da multiplicação do Laboratório Madalenas (parceria do Centro de Teatro do Oprimido-RJ) com Bárbara Santos e Alessandra Vanucci.
O grupo produziu coletivamente varias performances artísticas (esquetes, poesias, músicas e cirandas) e duas peças de teatro-fóruns ("Sonhos que fossem meus... seriam seus?"/2010 e “Agora é a hora?”/2012).
Foram diversas apresentações ocorridas: na Universidade Estadual de SC (Ceart-Udesc) em 2010 e 2012; em diversas reuniões sindicais (de 2010 a 2014), na Abertura do Encontro Internacional de Teatro do Oprimido, Lapa, RJ/2010 e Festival Internacional das Madalenas no Teatro das Oprimidas/ Porto Madryn, Argentina em 2015.
É um grupo permanente e aberto a participação de mulheres que estejam interessadas na investigação da opressão da mulher na sociedade por meio da estética do oprimido.
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